Colômbia vs Paraguai: A Colômbia, no seu 4x3x3, fez uma exibição com imensa qualidade, muito completa e variada nos seus processos.
Por David Guimarães
Os centrais Murillo e Zapata saem a jogar com tranquilidade, conseguindo múltiplas soluções de passe (curto ou longo, vertical ou lateralizado) e também muita confiança para progressão controlada, contrariando a primeira zona de pressão paraguaia. Mesmo o guarda-redes Ospina permite a variação do estilo, com as suas reposições longas a procurar o avançado Bacca. Perez, trinco de compensações, permite a projecção dos laterais Arias e Díaz, muito ofensivos.
Cuadrado, supersónico tecnicista, possibilita muita profundidade pela direita (combinando com o lateral do seu lado ou disparando sozinho). Os movimentos de Cardona, de dentro para fora, permitem as incursões de James pelo centro, procurando último passe ou remate (fez o segundo golo). Deambula pelo campo todo, descendo também para vir construir jogo, na tentativa de passes a rasgar para Cuadrado ou combinações curtas com Torres. Corridas vadias, sempre à procura do espaço vazio (para se abrigar), percorrendo um lado ao outro do relvado para receber e depois fazer a equipa avançar, encolhendo a adversária.
O segundo golo prova o jogo misto colombiano. Bola longa de Zapata para a explosão de Bacca, que ganha ao central Da Silva (falha tempo de salto). Sem conseguir captar a segunda-bola, o colega de sector (Gómez) permite a assistência de Cardona (muito forte na recuperação e potente com bola) para uma finalização de qualidade de James. Outro exemplo da variabilidade de jogo dos cafeteros é a predisposição para aproveitar momentos de contra-ataque, principalmente após contrariar lances de bola parada, procurando ferir a exposição contrária.
No Paraguai é justo destacar o lateral esquerdo Samudio, garantia de muita integração nas manobras ofensivas e atento a fechar dentro ajudando os centrais (merece destaque, mesmo tendo perdido na marcação individual a Bacca no canto que dá o primeiro golo).
O Paraguai (4x4x2) não foi uma equipa imaginativa em organização ofensiva. Tentou fazer algumas variações do centro de jogo, mas nem posse apoiada com soluções próximas conseguiu executar. É Óscar Romero que vem da esquerda, buscar jogo, tentando compensar a falta de qualidade de circulação ao centro.
Incapaz de ligar sectores, é aconselhável uma mudança de estratégia para a próxima partida. Um bloco mais baixo, expectante, tentando preferencialmente o contra-golpe. Nesse contexto é sensato a integração de Derlis e Iturbe (permitindo um futebol de jogadas a solo, mais realista e consentâneo com as limitações do modelo colectivo de jogo).
Com o relaxamento da Colômbia na segunda parte, o Paraguai subiu algo de produção. No entanto, criou perigo apenas em livres e cantos (com a bola a cair próxima do guarda-redes, pedindo um desvio) ou com remates de segunda-linha (com o forte e potente Lezcano muito participativo).
Nessas investidas, esteve muito bem Ospina, que apenas não deteve o grande pontapé de Ayala (2-1) ao ângulo esquerdo (lance que sai fora da lógica global do jogo, sendo antes um fervor individual).
Até final o encontro ficou descaracterizado, partido e entrou em tumultuosas transições rápidas. O resultado não se alteraria mais. A Colômbia e o seu craque vadio, nascido livre para criar, venceram com justiça.