Chile vs Argentina: As equipas entraram no jogo com uma atitude muito agressiva, tendo intenção de roubar a bola rapidamente ao adversário.
Por David Guimarães
As principais figuram dos dois “onzes” foram bem manietadas pelos processos defensivos, nunca se conseguindo libertar para jogadas de perigo (quase não existiram remates na direcção da baliza).
A Argentina abordou a partida num 4x3x3 em organização ofensiva. Na saída de bola, o quarteto defensivo, composto pelos centrais Otamendi e Funes Mori (pouco confiantes) e pelos laterais (colocados muito dentro, sem dar projecção) não jogou apoiado entre si, nem encontrou o espaço para se ligar com os médios. Banega (esquerda) e Biglia (direita), sem dar qualquer profundidade, procuraram as zonas laterais para ter espaço de circulação, fugindo à concentração populacional chilena ao centro que engolia Mascherano (pivot defensivo).
Com Di María a passar completamente despercebido (perdido entre a faixa e o centro, esteve uma nulidade e por isso saiu no início da segunda parte), foram Messi e Higuaín (desastrado na finalização) os únicos a criarem perigo, nomeadamente na sequência de bolas longas. O ponta-de-lança ganhava a primeira bola e Messi ia para a sobra, disparando em velocidade. Foi repetindo este processo que o astro obrigou o médio defensivo Chileno, Díaz, a ser expulso, à passagem da meia hora, por dois atropelamentos que evitaram lances de golo eminente.
O Chile entrou num 4x5x1 sem bola, muito pressionante, que se metamorfoseava repentinamente numa estrutura de 4x3x3, muito proactiva, com Alexis e Fuenzalida (extremos) a importunarem os laterais. Alterava também para um 4x4x2 que asfixiava os centrais, com o médio Vidal adiantado a juntar-se a Vargas na tentativa de roubo.
No processo atacante o Chile também foi bem condicionado pelos argentinos, com uma resposta agressiva à perda de bola. Os centrais Medel e Jara, devido a esses condicionalismos, esticaram jogo na frente. Com Isla (defesa-direito) bem amarrado, foi o seu companheiro do lado oposto, Beausejour, que mais se destacou, com raides temerários em condução e ligações solicitando Alexis para combinar.
A Argentina não conseguiu aproveitar a superioridade numérica. O Chile respondeu bem, fechando-se num 5x3x1, com Aránguiz (trinco) a baixar para o meio dos centrais. Os extremos recuaram de forma constante e Vidal "descolou" de Vargas. A selecção das pampas pode queixar-se também da arbitragem. A expulsão de Rojo, pouco depois, foi decorrente de uma entrada duríssima, sem dúvida, mas sobre a bola, sem tocar no homem. A partir desse momento o jogo perderia o ritmo frenético e nunca mais recuperaria o fulgor.
A Argentina desconcentrou-se psicologicamente, baixou os índices de confiança e ressentiu-se disso mesmo em termos tácticos, actuando muito desgarrada. Os chilenos subiram de produção e conseguiram estabilizar o seu jogo apoiado até chegar aos “esperançosos penaltis”, meio de decisão confortável, que havia garantido a Copa em sua casa em 2015. Já os argentinos, que ainda “têm pesadelos” com a derrota do ano transacto, não foram hábeis em termos ofensivos (perigosos apenas em algumas bolas paradas de Messi) para evitar tal desfecho.
A Argentina falhou dois e o Chile um. A Taça Centenário é chilena! Os chilenos merecem porque foram, sem dúvida, a melhor equipa em prova. Messi atirou um penalti para as nuvens, desabou num transtorno agoniante e renunciou à selecção. Tem de retroceder, para continuar a fazer mais obras-primas a azul celeste.