Devagar se vai ao longe: Elas vieram para ficar.

04 de Março de 2021




Antigamente, ver televisão, ouvir rádio e ler jornais era uma prática essencialmente saboreada pelos homens… As mulheres estavam fora destes hábitos, pois o lugar delas era cuidar do lar, mais concretamente na cozinha. Passados anos, é caso para dizer “mudam-se os tempos, mudam-se as vontades”, pois como se sabe, as mulheres têm vindo a conquistar marcos importantes no seu processo de emancipação … um deles é o futebol, motivo pelo qual escrevemos tão orgulhosamente.
Como se sabe, elas passaram de poder ver, a poder praticar futebol… passaram de futebol amador a futebol profissional, passaram de meras apoiantes a profissionais em diversas categorias… vejamos como exemplo: “ontem” a mulher não podia nada, a não ser cuidar do lar, dos filhos e do marido. “Hoje” não só pode praticar futebol, como já há mulheres arbitras, treinadoras e a mais recente conquista: futebol narrado e comentado por mulheres, quer na rádio, quer na televisão.
Se bem se recordam, em Portugal, Rita latas foi a primeira mulher a narrar um jogo da I liga portuguesa. Um verdadeiro passo na luta pela igualdade e um marco histórico no mundo futebol e da televisão. Até então só a treinadora, Helena Costa, tinha tido uma oportunidade semelhante. Desengane-se se acha que este foi o primeiro contacto de Rita com o mundo da bola, a jornalista de 27 anos já tratava “o futebol por tu” desde os tempos em que praticava a modalidade, chegando a passar por clubes como Juventude de Évora e o Clube Futebol Benfica. Muito se falou, especulou e até debate chegou a criar..., mas a verdade é que Rita continua a narrar, comentar e a mostrar que o lugar da mulher é onde ela quiser.
A satisfação é redobrada quando percebemos que este passo de “mulheres narradoras e comentadoras” também já chegou ao Brasil. Até há bem pouco tempo as mulheres já apareciam como repórteres, comentadoras e narradoras em rádios e em canais de televisão a cabo…, mas a mais recente novidade é que elas vieram para ficar e chegaram também à televisão aberta (não só em transmissões de futebol feminino).
Em 55 anos, a Globo está prestes a estrear a sua primeira narradora em canal aberto. A felizarda é Renata Silveira que se junta às comentadoras Ana Thaís Matos e Renata Mendonça. Um feito histórico que até então nenhuma mulher tinha conseguido fazer em televisão aberta. A diretora de conteúdos desportivos da Globo, Joana Thimóteo não escondeu a satisfação e reforçou: “É um processo sem volta que vai minando preconceitos e tornando obsoletos rótulos como o de “musa”.
Renata Silveira corroborou a ideia da diretora, acrescentando: “A regra para as mulheres é, em qualquer área, que o primeiro comentário será sempre sobre a sua aparência”. Ainda assim não deixou de partilhar a sua opinião sobre o assunto, deixando no ar um apelo: “Torna-se irritante, quando estamos a tentar mostra o nosso trabalho e os comentários são sempre os mesmos… quero que comentem a minha opinião sobre o futebol!”.
Apesar de esta ser uma boa nova, não deixa de mostrar os inúmeros obstáculos que os profissionais desta área passam, principalmente na desigualdade de género.
Foquemo-nos no que realmente importa, no trabalho, na dedicação e no profissionalismo de quem trabalha nesta área.
Parabéns Renata Silveira, Parabéns Brasil 👏

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