O Euro 2004 vai ser um passeio de estrelas, mas nele, por força dos resultados na fase de apuramento, irão faltar algumas estrelas europeias de referência no presente: o galês Giggs, o turco Emre, o sérvio Djordevic e, talvez, o melhor ala esquerdo do Velho Continente, actualmente: o esquerdino Damien Duff, um pequeno e louro irlandês de fase rosada, pêlo na venta e o diabo no corpo.
Há muito que as ilhas para lá da mancha não produziam um jogador tão virtuoso, nascido e criado no último território britânico que resiste ao Império de sua Majestade: a irreverente Republica da Irlanda. Talvez por isso, o jogo de Duff escapou aos seus cânones tradicionais de correria, preferindo antes ter a bola nos pés, rente à relva, colada à sua chuteira canhota, com a qual faz autênticas maravilhas, zigzageando velozmente, ora buscando a linha, ora buscando espaços de penetração na área. É o chamado futebol a três dimensões: velocidade, drible e remate.
Um cocktail de qualidades que emergem desde que young boy entrou nas escolas do Blackburn Rovers, onde fez toda a sua formação futebolística, até se tornar, esta época, aos 24 anos, na face mais artística do Chelsea de Ranieri, onde por vezes, face à inteligência do seu jogo, é utilizado sobre o centro, atrás da dupla dos pontas-de-lança. O seu verdadeiro lugar é, no entanto, encostado à linha, no flanco esquerdo.