No passado dia 17, aquando do jogo da Seleção, na cidade de Split, lembrei-me do coração dessa mesma cidade, o Hajduk. Toda a cidade, bem como a região da Dalmácia, vibra com os rapazes do Poljud. Com uma das bases adeptas mais fanáticas da Europa, o que tem faltado ao Hajduk em títulos, nunca faltou em paixão, mesmo com o domínio contínuo dos seus rivais, o Dinamo Zagreb.
O Hajduk nem é o clube mais bem sucedido do seu país, mas a verdade é que, nesta região da Europa, os clubes passaram por um período conturbado que limitou o seu crescimento e consequente sucesso, a separação da Jugoslávia.
A verdade é que para o Hajduk o auge foi mesmo na antiga Liga da Jugoslávia, onde por 9 vezes se sagrou campeão, mais que o seu rival (Dinamo : 4), e apenas a alguns títulos dos outros 2 grandes, o Partizan (11) e o Estrela Vermelha (14). As boas campanhas europeias, que contabilizam uma Meia Final da Taça UEFA e das Taça das Taças, bem como 3 idas aos Quartos de Final da Liga dos Campeões, ocorreram quase todas sob o regime de Tito, e após o colapso do mesmo, de assinalar apenas a campanha de 1995 na Liga dos Campeões.
A verdade é que, aliado a más gestões por parte dos seus dirigentes, a incapacidade de atrair bons jogadores ou sequer manter os seus melhores ativos, fez com que este clube centenário fosse caindo no esquecimento do panorama europeu. E o mesmo aconteceu com o Dinamo, o Partizan e inclusive com o Estrela Vermelha, campeão europeu em 1991. É um facto que uma liga com estes 4 clubes era naturalmente mais forte e atrativa, mas o clima já era insuportável e isso leva-nos ao dia 26 de setembro de 1990. Visto como um dos eventos históricos que impulsionou o início do movimento nacionalista croata, o Hajduk perdia por 0-2 com o Partizan, em Split, quando os adeptos decidiram invadir o campo e perseguir os jogadores da equipa sérvia, sendo que, depois destes se refugiarem no balneário, os adeptos decidiram queimar as bandeiras jugoslavas que se encontravam no estádio Poljud.
Poucos meses depois o Hajduk venceria o Estrela Vermelha em Belgrado para a final da última Taça da Jugoslávia, num estádio praticamente vazio, tal era a tensão que se vivia. A Croácia acabaria por obter a independência ainda no ano de 1991, e as coisas nunca mais voltariam a ser as mesmas. Mas é como dizem os adeptos do Hajduk, mesmo depois das crises financeiras e das mudanças sociais e territoriais : “Hajduk živi vječno” – o Hajduk sempre viverá.