Sérgio Oliveira persistente para animar o Dragão

10 de Novembro de 2020




 

Para um clube habituado a ganhar como é o FC Porto, as últimas semanas têm sido cinzentas, oscilando exibicionalmente. Os últimos dias de um longo mercado levaram dois dos seus pilares. Alex Telles rumou ao Manchester United como o defesa mais goleador da história dos dragões. O lateral esquerdo brasileiro era preponderante na manobra da equipa, galgando pelo corredor e oferecendo um manancial de recursos a defender e a atacar. Com muita qualidade técnica, era um definidor de jogadas, o arquiteto da bola parada e um decisor de partidas. Danilo, capitão de equipa, esteio do meio-campo defensivo, fundamental nos equilíbrios do conjunto portista, também saiu para o Paris Saint-Germain.

Nesta nova conjuntura emerge Sérgio Oliveira. O médio internacional português “herdou” a cobrança de bolas paradas e traz garra e chama à equipa, resgatando-a quando esta (a)parece apagada nos jogos. Esclarecido, é o farol da equipa. Todo o jogo dos azuis e brancos passa pelos seus pés. Completo, sólido e consistente, tem na meia-distância um dos seus trunfos. E ainda acrescenta golo.

Oliveira soube aguardar a sua oportunidade. Tapado por Danilo, no passado aproveitou a sua ausência por lesão para se afirmar, a espaços, no miolo. Mesmo não tendo sido sempre titular, soube mostrar serviço a cada oportunidade e foi fundamental para as várias conquistas do FC Porto nos anos mais recentes.

Perseverante e paciente, foi subindo a pulso. Não é qualquer um que regressa e pega de estaca após vários empréstimos. E foi longo o caminho percorrido por Sérgio Oliveira.

Produto da formação portista, passou pelo Beira-Mar, pelos belgas do Mechelen e pelo Penafiel. Regressou à casa-mãe em 2012. Jogou na equipa secundária. Em 2013 rumou a Paços de Ferreira onde mostrou qualidade com regularidade. Tornou ao Porto em 2015/2016. Sol de pouca dura. Partiu por empréstimo, para o Nantes, em 2017. Em França foi orientado por Sérgio Conceição, o treinador que lhe voltaria a abrir as portas do FC Porto em 2017/2018. Porém, o médio sairia de novo em janeiro de 2019. Foi para o PAOK para depois voltar revigorado ao Porto.

Sempre em crescendo, afirma-se como titular e dínamo no meio-campo nesta nova configuração portista. Firme, com a confiança de quem é campeão há três épocas consecutivas (FC Porto, PAOK e FC Porto) e com a obstinação de quem nunca desistiu de conquistar um lugar ao sol na equipa, atravessa um grande momento de forma. Exibe-se com lucidez e impulsiona os ânimos. Integra o lote de capitães e personifica a vontade insaciável de triunfar intrínseca na mentalidade competitiva do clube.

No fim de contas, é um velho conhecido que está a brilhar no relvado, tentando impulsionar o dragão para novos voos.

 

Adolfo Serrão - Cronista Recepção Orientada