Esquema táctico
Sem os «senadores» Costinha e Manniche, Portugal manteve a mesma estrutura e dinâmica de jogo. Raul Meireles foi o pivot defensivo, primeira referência na circulação de bola. Frente a um adversário tão rudimentar como o Kazaquistão, nunca teve necessidade de desenhar o duplo-pivot à frente da defesa, pelo que Tiago soltou-se como interior-direito de transição, surgindo muitas vezes ao lado de Deco na segunda zona de construção. Nesta evolução do 4x2x3x1 para o 4x3x3, os extremos Cristiano Ronaldo e Simão alternaram entre diagonais de desequilíbrio e movimentos verticais procurando a linha.
RAUL MEIRELES-TIAGO-DECO: Uma questão de criar hábitos
Cada zona do relvado requer, em princípio, uma determinada velocidade. Um inicio de saída de bola mais lento, com passe curto preciso. O acelerar a meio campo, com imaginação e habilidade individual. Por fim, para desequilibrar as marcações, velocidade e rapidez de execução. Nesta dinâmica, há jogadores que tem uma superior percepção do jogo, tempos e espaços. Ver a forma como se moveu o triângulo do meio campo de Portugal foi um exercício táctico perfeito. Principal esperança para o futuro estético e táctico-técnico do sector, a crescente solidificação da «pequena sociedade» Deco-Tiago. No vértice recuado, apareceu Raul Meireles. Tranquilo, geriu os ritmos, passou e organizou. Decidiu sempre bem. Pode estar aqui o futuro pivot-defensivo da selecção pós-Costinha.
Única questão, o facto de no clube, jogar, geralmente, noutra posição, mais adiantado, como médio de transição. Passando a aquisição dos princípios de jogo duma posição sobretudo por uma questão de hábitos, o facto de jogar, no clube e na selecção, em posições diferentes, só isso poderá impedir que se torne, sem contestação, na nova âncora do onze Scolari, pois é no clube, e seus hábitos, que passa mais tempo. Outra questão para ser resolvida nos ateliers do treino.