Sente-se uma energia diferente no reino do leão. As palavras de Rúben Amorim originaram o mote “Onde vai um, vão todos” e a equipa exibe-se com uma fluidez desarmante. É notória a alegria com que os jogadores do Sporting jogam, o que se traduz numa confiança tremenda que contagia o grupo.
Na eliminatória da Taça de Portugal perante o Paços de Ferreira adivinhavam-se dificuldades.
Os castores têm feito sensação no campeonato. Equipa competente, bem organizada e orientada por Pepa, com a saudável audácia de explanar o seu jogo em qualquer estádio. Tem sido um exemplo muito positivo que se estende além do relvado a uma comunicação forte e eficaz que não se reduz a uma mera briga para tentar amealhar um pontinho.
O jogo pareceu fácil em virtude da dinâmica impressa pelo conjunto sportinguista. Os dois primeiros golos foram fruto de duas primorosas execuções técnicas. Tiago Tomás deixou bem vincada a sua mobilidade, capacidade de explosão e velocidade que se aliam a um apurado sentido de oportunidade e um raro instinto matador. Belo golo, difícil de conseguir. Bruno Tabata, num momento de inspiração, atirou a contar, em arco, num remate teleguiado pelo seu pé esquerdo. Estes protagonistas nem têm sido titulares. Porém, apareceram em grande, entrosados, focados, com vontade de aproveitarem a oportunidade.
O que transparece neste Sporting é que há um todo coeso, com fome de bola e que se diverte a cada semana.
Sporting e Paços de Ferreira recordam-nos pela prática que o futebol, apesar de revolver os espíritos e ser vivido à flor da pele, é ainda e sempre um jogo que merece ser desfrutado enquanto tal, no seu estado mais puro, cru, genuíno, independentemente do local onde ocorre. Seja num beco de uma rua com pedras a fazerem de postes, num parque de jogos ou num estádio a valer pontos, a continuidade numa prova ou um título. A essência é a mesma.
Adolfo Serrão - Cronista Recepção Orientada