Todos lhe reconhecem valor pelo trajeto percorrido no futebol. Porém, quando Nuno Santos chegou ao Sporting Clube de Portugal no verão de 2020 sentia-se uma dúvida latente, reflexo das múltiplas oscilações leoninas ao longo dos anos, geradoras de uma avisada desconfiança a priori: será que conseguirá singrar em Alvalade?
Vinha de uma grande época ao serviço do Rio Ave, a melhor de sempre dos vilacondenses no principal escalão do futebol português. Nos Arcos o extremo foi um dos protagonistas de uma bela temporada aos comandos do timoneiro Carlos Carvalhal. Um cartão-de-visita apelativo forjado num dos emblemas mais consistentes e que mais tem evoluído em Portugal.
Nesta versão do Sporting 2020/2021 arquitetada por Rúben Amorim não existem vedetas. A equipa vai-se exibindo alegre, solta, com uma confiança crescente e uma dose de irreverência q.b., procurando demonstrar a sua valia a cada jogo. Nuno Santos veio somar. Muito do sucesso deste Sporting tem passado por si. Alinha com um ânimo e umas ganas tão evidentes que cativam. A verticalidade que oferece casa muito bem com a envolvência e a dinâmica de uma equipa jovem, pincelada com experiência. Desequilibrador, tem sido decisivo com a sua visão de jogo e qualidades no passe e no cruzamento que lhe conferem um importante papel de assistente. Outras vezes, ele mesmo, veloz e inteligente nas suas movimentações, encontra ou cria espaços onde aparece isolado para finalizar. Jogador de remate fácil, não pede licença para visar a baliza. Tem sido tremendamente influente na manobra ofensiva dos leões.
Nem só de números, contudo, vive o jogo. Aos 25 anos, Nuno Santos é um exemplo de resiliência. Prova que no futebol, apesar de tudo, a meritocracia ainda é um elevador viável. Superou um calvário de lesões que travaram a sua progressão. Nunca desistiu de lutar para se reerguer e voltar aos relvados. Todo o seu esforço está a ser recompensado.
É um ilustre representante desse futebol com um sorriso na cara e merece o nosso aplauso. Eleva-se, triunfante, perante um jogo tão volátil em que o resultado trespassa ânimos. Desfrutar este momento, em que se evidencia num surpreendente coletivo, é um prémio justo e uma motivação acrescida para o que está por jogar.
Adolfo Serrão - Cronista Recepção Orientada
Miguel Pereira/Global Imagens